Ser zen não é ficar o tempo todo
de papo para o ar,
achando tudo lindo sem fazer nada.
Ser zen é ser ativo.
É estar forte e decidido.
E caminhar com leveza,
mas com certeza.
É auxiliar a quem precisa, no que precisa
e não no que se idealiza.
Ser zen é ser simples.
Da simplicidade dos santos e dos sábios.
Que não precisam de nada.
Nada mais que o necessário.
Para o encontro, a comida,
a cama, a diversão, o trabalho.
Ser zen é fluir com o fluir da vida.
Sem drama, sem complicação.
Na hora de comer come comendo,
sem ver televisão,
sem falar desnecessário.
Sente o sabor do alimento, a textura, o condimento.
Sente a ternura (ou não) da mão que plantou e colheu,
da terra que recebeu e alimentou,
do sol que deu energia,
da água que molhou,
de todos os elementos que tornam possível um pequeno prato de comida à nossa frente.
Sente gratidão, não desperdiça.
Come com alegria.
Para satisfazer a fome de todos os famintos.
Bebe para satisfazer a sede de todos os sedentos.
Agradecendo e se lembrando de onde vem e para onde vai.
A chuva, o sol, o vento.
O guarda, o policial, o bandido, o açougueiro,
o juiz, a feiticeira, o padre, a arrumadeira, o bancário e o banqueiro, o servente e o garçom, a médica e o doutor, o enfermeiro e o doente, a doença e a saúde, a vida e a morte, a imensidão e o nada, o vazio e o cheio, o tudo e cada parte.
Ser zen é ser livre e saber os seus limites.
Ser zen é servir, é cuidar, é respeitar, compartilhar.
Ser zen é hospitalidade, é ternura, é acolhida.
Ser zen é o kyosaku, bastão de madeira sábia, que acorda sem ferir, que lembra deste momento, dos pés no chão como indígenas, sentindo a Terra-Mãe sustentando nossos sonhos, nossas fantasias, nossas dores, nossas alegrias.
Ser zen é morrer...
Morrer para a dualidade, para o falso, a mentira, a iniqüidade.
Ser zen é renascer a cada instante.
Na flor, na semente, na barata, no bicho do livro na estante.
Ser zen é jamais esquecer de um gesto, de um olhar,
de um carinho trocado no presente-futuropassado.
Ser zen é não carregar rancores, ódios, cismas nem terrores.
Ser zen é trocar pneu, as mãos sujas de graxa.
Ser zen é ser pedreiro, fazendo e refazendo casas.
Ser zen é ser simplesmente quem somos e nada mais.
É ser a respiração que respira em cada ação.
É fazer meditação, sentar-se para uma parede,
olhar para si mesmo.
Encontrar suas várias faces, seus sorrisos, suas dores.
É entregar-se ao desconhecido aspecto do vazio.
Não ter medo do medo.
Não se fazer ou, se o fizer, assim o perceber e voltar.
Ser zen é voltar para o não-saber,
pois não sabemos quase nada.
Não sabemos o começo, nem o meio, muito menos o fim.
E tudo tem começo, meio e fim.
Ser zen é estar envolvido nos problemas da cidade,
da rua, da comunidade.
É oferecer soluções, ter criatividade, sorrir dos erros,
se desculpar e sempre procurar melhorar.
Ser zen é estar presente.
Aqui, neste mesmo lugar.
Respirando simplesmente, observando os pensamentos, memórias, aborrecimentos, alegrias e esperanças.
Quando?
Agora, neste instante!
É estar bem aqui onde quando se fala já se foi.
Tempo girando,
correndo,
passando,
e nós passando com ele.
Sem separação.
Ser zen é Ser Tempo.
Ser zen é Ser Existência.
MONJA COEN
Para saber mais - http://www.monjacoen.com.br/
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