segunda-feira, 28 de maio de 2012

Alimente Bons Pensamentos


Quando resolvi escrever sobre a importância do pensamento positivo fiz uma busca em outros blogs, para saber o que se tem escrito sobre isso no momento, e o que eu descobri foi que existem pouquíssimos artigos escritos em blogs sobre o assunto. Mas encontrei vários sobre a relevância de se evitar o pensamento negativo. Logo cheguei a conclusão de que até mesmo quando queremos incentivar atitudes e pensamentos positivos, acabamos focando nos negativos! Pensei em escrever este artigo sem citá-los, mas reconsiderei, afinal devemos avaliar "os dois lados da moeda". Na verdade não devemos negar os pensamentos negativos, pois todos nós acabamos os produzindo, é importante ficarmos atentos justamente para não deixarmos que eles predominem.

As informações que chegam até nós, através dos vários veículos da mídia, derivadas dos estudos relacionados ao assunto são que os otimistas vivem mais, têm menos problemas de saúde, produzem mais no trabalho, alcançam melhores desempenhos nos estudos e são mais felizes. Mas, diante destas informações, podemos pensar: “Eles são felizes porque são otimistas, ou são otimistas porque são felizes?” Não é fácil responder a esta pergunta, mas o fato é que uma pessoa infeliz com certeza está inundada de pensamentos negativos, e um bom caminho para sair da tristeza pode ser mudar a forma de pensar. O primeiro passo nessa jornada é se dar conta de que produz esses pensamentos, só assim é possível revertê-los.

Apenas um pensamento negativo acaba por desencadear uma série de dúvidas e frustrações que podem levar uma pessoa à tristeza. E ele é como um vírus, que se desencadeia e cresce rapidamente. Pessoas negativas dizem “eu não sei” antes de se questionar, “eu não quero” antes de consultar seu desejos e “eu não posso” sem conhecer suas potencialidades. Estas pessoas passam muito mais tempo lamentando os seus problemas do que tentando encontrar soluções.

Através de atitudes positivas nos tornamos mais capazes, pois não nos colocamos limites imaginários. Quando somos otimistas, sabemos que a distância entre nossos sonhos e nossas conquistas são definidos em grande parte por nossas próprias atitudes. Somos mais felizes, porque tendemos a ver as dificuldades como algo passageiro, e acreditamos que temos a capacidade de resolvê-las, ou a força necessária para suportá-las.

Mudar a nossa atitude perante a vida não é nada fácil, mas é possível. Basta ter perseverança, pois é necessário fazer uma auto- análise constante. Precisamos estar atentos ao que pensamos para que quando um pensamento negativo surja possamos avaliar se ele realmente condiz com a realidade, antes de tomá-lo como uma verdade. Tudo na vida tem o seu lado bom, e o seu lado ruim, e para todo problema existe uma solução. A medida que começamos a modificar a nossa maneira de pensar, mudamos também nosso comportamento, e consequentemente a nossa vida.



‎"Apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias sombras."
São Francisco de Assis


Dayse Rodrigues
CRP-12/02390

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Dom Quixote, Hamlet ou Fausto?


Em seu livro “Homem – a chave do entendimento dos três níveis da consciência masculina” Robert A Johnson usa três personagens clássicos da literatura, comparando-os aos três níveis de consciência que segundo ele o homem pode atingir: a bidimensional, a tridimensional e a quadridimensional. Apesar de o autor usar o termo “consciência masculina” no título do livro, ele explica em uma nota que a teoria descrita por ele também pode ser aplicada às mulheres, apesar de ter um caráter predominantemente masculino (a mulher é geralmente muito mais intuitiva, mais introspectiva). 

Dom Quixote, personagem escrito por Miguel de Cervantes no século XVII, enquadra-se como o homem bidimensional, ou o homem simples. Segundo Johnson este tipo de homem é muito raro em nossa sociedade, e descreve melhor o homem medieval. Este vive em seu mundo interno, imerso na fantasia, sendo movido por instintos, por ser incapaz de questioná-los.

Este personagem era um homem de fé e com coragem para resolver tudo o que lhe aparecia pela frente, pois não era capaz de ver os fatos como eles realmente eram, mas sim como ele gostaria que fossem. Ao contrário de Hamlet, de Shakespeare (também publicado no século XVII), o homem bidimensional, onde se pode enquadrar a maioria dos homens que vivem em nossa época. Hamlet é o homem da tragédia, exemplo de homem dividido. Segundo Johnson, Shakespeare anteviu, através de Hamlet o homem moderno, preocupado e cheio de ansiedades.

Hamlet, se comparado a Dom Quixote encontra-se em um estado evolutivo avançado de consciência, mas não sabe o que fazer com ela. Ele é incapaz de seguir o caminho da evolução de sua consciência por não conseguir resistir à pressão da sociedade que o cerca. O homem que se encontra nesta fase, também designado como homem complexo não consegue se decidir entre agir pelo instinto ou pela iluminação. Isso porque ele sabe demais para agir pelo instinto, mas ainda sabe pouco para agir pela iluminação. É característica deste homem a falta de ação e o excesso de palavras. Essa incerteza é muito bem exemplificada pela famosa frase: “ser ou não ser, eis a questão.”

Fausto vem nos salvar desta vida representada por Hamlet, do homem ansioso e infeliz, já que é impossível, depois que se atinge um certo grau de consciência, voltar ao mundo natural, feliz e seguro de Dom Quixote, permanentemente. Fausto foi escrito por Goethe, sendo publicada a primeira parte desta obra em 1808 e a segunda em 1932.

Enquanto Hamlet é dominado pelo ego, Fausto é dominado pelo self. Sendo que o ego se constitui em nossa parte consciente, e o self, a nossa totalidade. Este último consiste em uma tendência que todos temos no inconsciente da busca do máximo de nós mesmos. Self é um centro suprapessoal que tem sido chamado atualmente por natureza crística, búdica, consciência cósmica, satori e samadhi. É o organizador da psiquê, o centro do aparelho psíquico, englobando o consciente e o inconsciente.

Segundo Johnson é necessário que cheguemos ao ponto de desesperança representado por Hamlet, para que possamos chegar à iluminação, representada por Fausto. Aliás, o próprio Fausto teve sua fase de desespero. O caminho para a iluminação não é algo fácil e exige sofrimento. Por isso são poucas as pessoas que conseguem fazer esta transição. Hamlet, por exemplo, fracassou, provocando a sua própria morte. Esta passagem da consciência tridimensional para a quadrimensional é a condução do centro da gravidade da personalidade do ego para o self e, se vista a partir do ponto vista do ego, aparenta a morte, ou melhor, suicídio, sendo que ele faz esta passagem voluntariamente.

Através destes três personagens, Johnson nos guia a uma viagem pelo desenvolvimento da consciência que podemos chegar nesta vida. É importante que saibamos em que fase nos encontramos para que possamos nos encaminhar corretamente, sendo que para o homem complexo só existem duas saídas: uma é retroceder para a fase bidimensional, o que não pode ser feito permanentemente, depois que se atinge o grau de consciência tridimensional; e a outra é progredir para a iluminação, um caminho mais difícil.

Regredir ao mundo de Dom Quixote só é possível momentaneamente, através de pequenos contatos com o mundo simples, conservando um pouco do comportamento primitivo, como quando acampamos, praticamos esportes, ou algum tipo de arte, por exemplo. Outra forma de retroceder menos benéfica é através do vandalismo e outros tipos de comportamentos antissociais, por exemplo. Estes são os momentos em que conseguimos “esquecer da vida”.

Algumas pessoas usam a regressão ao mundo simples como uma “válvula de escape”, mas na maioria das vezes isso não funciona por muito tempo, pois chega um momento em que somos acometidos pelo que chamamos “crise”. É o momento em que não se encontra mais prazer nas coisas simples, como correr ou cuidar do jardim, é o encontro com a angústia. Nós inventamos vários nomes para este processo como crise da meia idade, do ninho vazio, de identidade, a idade do lobo, etc. Este momento pode durar pouco ou muito tempo, dependendo de quando a pessoa irá despertar para um novo nível de consciência. Neste momento há um despertar para o mundo interior (que esquecemos na fase tridimensional) e a consciência se amplia. É quando começamos a realmente entrar em contato conosco e a nos conhecer, começamos a perceber uma parte de nós que era inconsciente, mesmo que seja um lado que não gostemos muito, integrando-o a nossa personalidade.

Porém a iluminação nunca é definitiva, sempre existirão os momentos em que voltaremos a fase tridimensional, ou bidimensional, pois não somos perfeitos. Mas o ideal é que consigamos ter a capacidade de penetrar neste mundo quadridimensional quando se fizer necessário, e essa capacidade, infelizmente ainda é rara e muito fácil de ser perdida. Geralmente só conseguimos chegar à ela na velhice, mas o importante é saber que temos esta capacidade, e que existe uma saída para nossas angústias. Ou seja, a felicidade existe, mesmo que não seja definitiva! E não vale a pena ficarmos fugindo de nossos problemas, pois desta forma só estaremos adiando a chegada da iluminação, permanecendo um tempo desnecessário no sofrimento.

Dayse Rodrigues
Psicóloga – CRP/12 – 02390

sábado, 19 de maio de 2012

Caminhos do Coração.



Às vezes penso no balanço que vou fazer da minha vida em meus últimos dias. Duvido que nesta hora eu diga para mim mesmo "devia ter passado mais tempo no escritório" ou "droga, meu saldo bancário não foi tão alto quanto eu esperava".

Sei que vou me perguntar: Quanto amor recebi na vida? Como reparti meu amor? Quem me amou? A quem eu amei? Para a vida de quem eu tive importância? Tenho certeza de que minha única preocupação será: "Terei ou não preenchido a minha vida com amor?"

Richard Carlson

O que significa ser saudável?



Quando pensamos em saúde, é normal que acabemos associando este termo à ausência de doenças. Isso não acontece por acaso, e podemos considerar este fato como um resquício do conceito de saúde utilizado pelas autoridades no assunto, até alguns anos atrás, sendo que para que um conceito seja mudado na sociedade é preciso muito tempo. Foi somente após o final da segunda guerra mundial que iniciou-se uma preocupação em traçar uma definição positiva de saúde, incluindo fatores como alimentação, atividade física, acesso ao sistema de saúde, etc. Desta preocupação surgiu o conceito de saúde definido pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e que vem sendo utilizado até hoje. Para a OMS saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças.

No dicionário de termos técnicos de medicina e saúde, organizado por Luís Rey (ed. Guanabara Koogan), pode ser encontrada a seguinte definição de saúde: “saúde é uma condição em que um indivíduo ou grupo de indivíduos é capaz de realizar suas aspirações, satisfazer suas necessidades e mudar ou enfrentar o ambiente. A saúde é um recurso para a vida diária, e não um objetivo de vida; é um conceito positivo, enfatizando recursos sociais e pessoais, tanto quanto as aptidões físicas. É um estado caracterizado pela integridade anatômica, fisiológica e psicológica; pela capacidade de desempenhar pessoalmente funções familiares, profissionais e sociais; pela habilidade para tratar com tensões físicas, biológicas, psicológicas ou sociais com um sentimento de bem-estar e livre do risco de doença ou morte extemporânea. É um estado de equilíbrio entre os seres humanos e o meio físico, biológico e social, compatível com plena atividade funcional.”

Ampliar o conceito de saúde, pensando nela como um bem estar não apenas físico, mas também psicológico e social, implica em sermos muito mais criteriosos no momento de avaliarmos a nossa própria sanidade. Nesta autoavaliação devemos pensar não somente na ausência de doença ou dor, mas em se estamos bem em vários outros aspectos de nossa vida, como o social, o familiar, o econômico, o psicológico e o espiritual. Esses são os cinco aspectos que compõe o conceito de saúde mais utilizado atualmente. Onde a saúde física consiste no bem estar corporal e esta sim, é a ausência de enfermidades; a relação harmônica consigo mesmo e com as pessoas que nos rodeiam são expressões da saúde psicológica, social e familiar; a saúde financeira é representada pelo uso responsável e equilibrado das finanças pessoais; e a saúde espiritual, que vem cada vez mais sendo reconhecida é a relação harmônica com Deus, e independe de religião.

Considerando todos estes aspectos podemos pensar que o conceito de saúde torna-se cada vez mais abstrato, mais difícil de ser avaliado e principalmente mais longe de ser alcançado. Mas esse movimento foi importante para que pudéssemos alargar nossa visão e considerarmos aspectos de nossas vidas que são tão importantes quanto a saúde física, e que, se desequilibrados, também podem nos afetar negativamente.

A partir deste novo conceito, torna-se cada vez mais difícil ser 100% saudável, mas isso não significa que devemos desistir desse objetivo. Uma boa maneira de iniciar esta busca é pensar em cada um dos tipos de saúde citados acima, nos darmos uma nota (de 0 a 10) e ao final fazermos uma média entre elas, o que resulta é um número que pode representar a nossa saúde total. Se ficou muito distante de 10 é sinal de que precisamos mudar. O próximo passo é identificar quais são os tipos de saúde que estão com notas mais baixas e fazer um planejamento, escrevendo em um papel, para ficar mais objetivo, especificando passo-a-passo como devemos fazer para melhorarmos nestes aspectos. Depois de um tempo perseguindo esse objetivo da saúde 100% (que talvez nunca seja alcançado) com certeza poderemos identificar em nós mesmos muitos novos aspectos positivos e um grande acréscimo na nossa qualidade de vida.

Dayse Rodrigues.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

O Lado Obscuro de cada um de Nós


Passou no seu casamento por aquilo que é quase um facto universal - os indivíduos são diferentes uns dos outros. Basicamente, constituem um para o outro um enigma indecifrável. Nunca existe acordo total. Se cometeu algum erro, esse erro consistiu em ter-se esforçado demasiadamente por compreender totalmente a sua mulher e por não ter contado com o facto de, no fundo, as pessoas não quererem saber que segredos estão adormecidos na sua alma. Quando nos esforçamos demasiado por penetrar noutra pessoa, descobrimos que a impelimos para uma posição defensiva e que ela cria resistências porque, nos nossos esforços para penetrar e compreender, ela sente-se forçada a examinar aquelas coisas em si mesma que não desejava examinar. Toda a gente tem o seu lado obscuro que - desde que tudo corra bem - é preferível não conhecer.
Mas isto não é erro seu. É uma verdade humana universal que é indubitavelmente verdadeira, mesmo que haja imensas pessoas que lhe garantam desejar saber tudo delas próprias. É muito provável que a sua mulher tivesse muitos pensamentos e sentimentos que a tornassem desconfortável e que ela desejava ocultar de si mesma. Isto é simplesmente humano. É também por este motivo que tantas pessoas idosas se refugiam na própria solidão, onde não serão incomodadas. E é sempre sobre coisas de que elas não desejariam estar muito cientes. O senhor não é, obviamente, responsável pela existência destes conteúdos psíquicos. Se, apesar disto, ainda for atormentado por sentimentos de culpa, reflicta então sobre os pecados que não cometeu e que gostaria de ter cometido. Isto poderá eventualmente curá-lo dos seus sentimentos de culpa relativamente à sua mulher.

Carl Jung, in 'Cartas'